Do Livro de Mórmon |
Anotações |
As palavras do próprio Profeta Joseph
Smith sobre o aparecimento do Livro de Mórmon são:
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“Na noite de … vinte e um de setembro
… (1823) … recorri à oração e à súplica ao Deus Todo-Poderoso. …
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Enquanto estava assim suplicando a Deus,
descobri uma luz surgindo no meu quarto, a qual continuou a aumentar até o
aposento ficar mais iluminado do que ao meio-dia; imediatamente apareceu ao
lado de minha cama um personagem em pé, no ar, pois seus pés não tocavam o
solo.
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Este parágrafo nos reconta da primeira de
três vezes que o anjo visitou Joseph naquela noite, no seu quarto. Joseph compartilhava
esse quarto com seus cinco irmãos, então é bem provável que ele
compartilhasse uma cama com pelo menos um deles. Seria muito extraordinário
que uma aparição como essa aparecesse uma vez sem que outros percebessem.
Pelo bem da discussão, vamos supor que o
relato da visita de Morôni seja preciso. Joseph registrou que isso aconteceu
em 1823. Contudo, ele não possuía as chaves necessárias para discernir os
anjos. Essas chaves foram dadas em 1843 em D&C 129, que reconhece o
ensinamento SUD de que o diabo pode aparecer como um anjo de luz e fornece as
chaves para determinar se uma aparição é um verdadeiro anjo ou demônio. “Se
for o diabo fazendo-se de anjo de luz, quando pedirdes que vos dê a mão,
oferecer-vos-á a mão e não sentireis coisa alguma; podereis, portanto,
identificá-lo” (D&C 129:8). Assim, de acordo com as escrituras Mórmons,
Joseph não tinha método a discernir se o visitante era um mensageiro do céu
ou o diabo como um anjo de luz.
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Ele vestia uma túnica solta, da mais rara
brancura. Era uma brancura que excedia a qualquer coisa terrena que eu já
vira; nem acredito que qualquer coisa terrena possa parecer tão
extraordinariamente branca e brilhante. Tinha as mãos desnudas e os braços
também, um pouco acima do pulso; os pés também estavam desnudos, bem como as
pernas, um pouco acima dos tornozelos. A cabeça e o pescoço também estavam
nus. Verifiquei que ele não usava outra roupa além dessa túnica, pois estava
aberta, de modo que eu lhe podia ver o peito.
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Não somente a sua túnica era muito branca,
mas toda a sua pessoa era indescritivelmente gloriosa e o seu semblante era
verdadeiramente como o relâmpago. O quarto estava muito claro, mas não tão
luminoso como ao redor de sua pessoa. No momento em que o vi, tive medo; mas
o medo logo desapareceu.
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Ele chamou-me pelo nome, e disse-me que
era um mensageiro enviado a mim da presença de Deus, e que seu nome era
Morôni; que Deus tinha uma obra a ser executada por mim; e que o meu nome
seria considerado bom e mau entre todas as nações, tribos e línguas, ou que
entre todos os povos se falaria bem e mal de meu nome.
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Disse-me ele que havia um livro
escondido, escrito em placas de ouro, que continha um relato dos antigos
habitantes deste continente, assim como de sua origem e procedência. Disse
também que o livro continha a plenitude do evangelho eterno, tal como fora
entregue pelo Salvador aos antigos habitantes.
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Disse também ele que havia duas pedras em
aros de prata — e essas pedras, presas a um peitoral, constituíam o que
é chamado Urim e Tumim — depositadas com as placas; e que a posse e o
uso dessas pedras era o que constituía os ‘videntes’ nos tempos antigos; e
que Deus as tinha preparado para serem usadas na tradução do livro. …
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Disse-me ainda ele que quando eu
recebesse as placas sobre as quais ele havia falado — porquanto o
tempo em que elas deveriam ser obtidas ainda não se cumprira — a ninguém
deveria mostrá-las; nem o peitoral com o Urim e Tumim, salvo àqueles a quem
me fosse ordenado mostrá-los; e se eu o fizesse, seria destruído. Enquanto
falava comigo a respeito das placas, minha mente abriu-se de tal modo que
visualizei o lugar em que estavam depositadas, e isto tão clara e nitidamente
que reconheci o local quando o visitei.
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Após essa comunicação vi a luz do quarto
começar a concentrar-se imediatamente ao redor do personagem que estivera
falando comigo, e assim continuou até o quarto voltar à escuridão, exceto ao
redor dele; e imediatamente vi como se fora um conduto, que levava até o céu,
e ele ascendeu até desaparecer completamente, e o quarto voltou ao estado em
que estava antes de essa luz celestial aparecer.
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Fiquei meditando sobre a singularidade da
cena, grandemente maravilhado com o que me dissera o extraordinário
mensageiro, quando, em meio à minha meditação, descobri subitamente que meu
quarto começava novamente a ser iluminado e imediatamente vi o mesmo
mensageiro celestial outra vez ao lado da minha cama.
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Relatou-me novamente, sem a mínima
alteração, as mesmas coisas que me dissera na primeira visita; a seguir me informou
de grandes julgamentos que recairiam sobre a Terra, com grandes desolações
causadas pela fome, espada e pestilência; e que esses dolorosos julgamentos
recairiam sobre a Terra nesta geração. Tendo-me comunicado estas coisas,
novamente ascendeu, como fizera antes.
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Naquele momento, tão profundas eram as
impressões causadas em minha mente, que perdi o sono por completo, atônito
com o que havia visto e ouvido. Mas qual não foi a minha surpresa quando vi
novamente o mesmo mensageiro ao lado da minha cama, e ouvi-o repetir as
mesmas coisas que me dissera antes; e também advertiu-me, informando-me que
Satanás procuraria tentar-me (em consequência da pobreza da família de meu
pai) a obter as placas com o fim de enriquecer-me. Proibiu-me isso, dizendo
que eu não deveria ter qualquer outro objetivo em vista, ao receber as
placas, a não ser o de glorificar a Deus; e que eu não deveria ser
influenciado por qualquer outro motivo, senão o de edificar o seu reino; caso
contrário, não as poderia obter.
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Após essa terceira visita ele ascendeu ao
céu, como antes; e outra vez fiquei meditando sobre a estranheza do que
acabara de acontecer; quase imediatamente após o mensageiro celestial ter
ascendido pela terceira vez, o galo cantou e vi que o dia se aproximava, de modo
que as entrevistas deviam ter durado toda aquela noite.
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Pouco depois me levantei e, como de
costume, fui cuidar dos afazeres do dia; mas ao tentar trabalhar como
normalmente fazia, senti-me tão exausto que não consegui. Meu pai, que
trabalhava perto de mim, percebeu que eu não estava bem, e disse-me que fosse
para casa. Saí com essa intenção, mas ao tentar atravessar a cerca do campo
onde estávamos, faltaram-me as forças por completo, e caí inerte ao solo,
ficando completamente inconsciente durante algum tempo.
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A primeira coisa de que me lembro é uma
voz chamando-me pelo nome. Olhei para cima e vi o mesmo mensageiro acima de
minha cabeça, cercado de luz como antes. Repetiu-me tudo o que havia relatado
na noite anterior e ordenou-me que fosse contar ao meu pai a visão e os
mandamentos que havia recebido.
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Obedeci, voltando para onde estava meu
pai, no campo, e relatei-lhe todo o ocorrido. Ele respondeu-me que aquilo era
obra de Deus e disse-me que fizesse o que o mensageiro ordenara. Deixei o
campo, e fui até o local onde o mensageiro dissera estarem depositadas as
placas; e devido à nitidez da visão que tivera, referente ao local,
reconheci-o no instante em que lá cheguei.
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Próximo à vila de Manchester, no Condado
de Ontário, Estado de Nova York, existe uma colina de considerável tamanho,
sendo a mais alta da redondeza. No lado oeste dessa colina, não muito
distante do cume, sob uma pedra de considerável tamanho, estavam as placas,
depositadas em uma caixa de pedra. No meio, na parte superior, essa pedra era
grossa e arredondada; era, porém, mais fina na direção das extremidades, de
modo que a parte central ficava visível acima do solo, mas as bordas em toda
a volta estavam cobertas de terra.
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Tendo removido a terra, arranjei uma
alavanca, introduzi-a sob a borda da pedra e consegui levantá-la com um
pequeno esforço. Olhei e lá realmente vi as placas, o Urim e Tumim, e o
peitoral, como afirmara o mensageiro. A caixa na qual se encontravam era
formada de pedras unidas por uma espécie de cimento. No fundo da caixa havia
duas pedras colocadas transversalmente, e sobre estas estavam as placas e as
outras coisas.
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Fiz uma tentativa de retirá-las, mas fui
proibido pelo mensageiro, que outra vez me informou ainda não ter chegado o
momento de retirá-las, dizendo que esse momento não chegaria a não ser quatro
anos após aquela data. Disse-me que eu deveria voltar àquele local
precisamente um ano mais tarde, e que lá ele se encontraria comigo, devendo
eu continuar a assim proceder até que chegasse o tempo de receber as placas.
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De acordo com o que me fora ordenado,
voltei lá ao fim de cada ano e todas as vezes encontrei o mesmo
mensageiro. Em cada uma das entrevistas recebi dele instruções e conhecimento
com respeito ao que o Senhor ia fazer, e à maneira pela qual o seu reino deveria
ser conduzido nos últimos dias. …
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Finalmente chegou a época de receber as
placas, o Urim e Tumim, e o peitoral. No dia vinte e dois de setembro de mil
oitocentos e vinte e sete, tendo ido, como de costume, ao fim de mais um ano,
ao local onde estavam depositados, o mesmo mensageiro celestial entregou-os a
mim, com a advertência de que eu seria responsável por eles; que se eu os
deixasse extraviar por algum descuido ou negligência, seria cortado; mas que
se eu empregasse todos os esforços para preservá-los até que ele, o
mensageiro, os reclamasse, eles seriam protegidos.
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Logo verifiquei a razão de tão severas
recomendações para que os guardasse em segurança, e por que o mensageiro
dissera que quando eu tivesse realizado o que me fora ordenado, ele viria
buscá-los. Pois tão logo se soube que estavam em meu poder, foram empregados
os mais tenazes esforços para tirá-los de mim. Todos os estratagemas
possíveis foram usados com esse propósito. A perseguição tornou-se mais
amarga e severa que antes, e multidões mantinham-se continuamente alertas
para tirá-los de mim, se possível. Mas pela sabedoria de Deus, eles
continuaram seguros nas minhas mãos até que cumpri, por meio deles, o que me
fora requerido. Quando o mensageiro os reclamou, de acordo com o combinado,
entreguei-os a ele, que os tem sob sua guarda até esta data, dois de maio de
mil oitocentos e trinta e oito.”
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Para a história completa, ver Joseph
Smith—História, na Pérola de Grande Valor.
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O registro antigo, assim retirado da
terra como a voz de um povo falando do pó, e traduzido para a linguagem
moderna pelo dom e poder de Deus, conforme atestado por afirmação Divina, foi
publicado pela primeira vez ao mundo, em inglês, no ano de 1830,
como The Book of Mormon.
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