Do Livro de Mórmon |
Anotações |
Capítulo 7
|
|
1 Ora,
aconteceu que depois de haver o rei Mosias tido paz contínua pelo espaço de
três anos, desejou saber sobre o povo que subira para habitar na
terra de Leí-Néfi, ou seja, na cidade de Leí-Néfi; porque seu povo nada
soubera deles desde a época em que haviam deixado a terra de Zaraenla;
portanto, importunavam-no com sua insistência.
|
|
2 E aconteceu
que o rei Mosias permitiu que dezesseis de seus homens fortes subissem à
terra de Leí-Néfi para inquirirem acerca de seus irmãos.
|
|
3 E aconteceu
que no dia seguinte iniciaram a subir, tendo com eles um certo Amon, homem
forte e poderoso, descendente de Zaraenla; e ele era também o seu chefe;
|
|
4 E não sabiam
que rumo tomar no deserto para subir à terra de Leí-Néfi; portanto, vagaram
pelo deserto por muitos dias, sim, por quarenta dias eles vagaram.
|
|
5 E depois de
terem vagado durante quarenta dias, chegaram a uma colina que fica ao norte
da terra de Silom e ali armaram suas tendas.
|
|
6 E Amon tomou
três de seus irmãos — e seus nomes eram Amaléqui, Helém e Hem — e
desceram para a terra de Néfi.
|
|
7 E eis que
encontraram o rei do povo que vivia na terra de Néfi e na terra de Silom; e
foram cercados pela guarda do rei e foram presos e amarrados e foram postos
na prisão.
|
|
8 E aconteceu
que depois de haverem permanecido dois dias na prisão, foram novamente
levados à presença do rei e desamarrados. E ficaram diante do rei e foi-lhes
permitido, ou melhor, ordenado que respondessem às perguntas que ele lhes
faria.
|
|
9 E ele
disse-lhes: Eis que sou Lími, filho de Noé, que era filho de Zênife, que
veio da terra de Zaraenla para herdar esta terra, que era a terra de seus
pais; e que foi feito rei pela voz do povo.
|
|
10 E agora
desejo saber o motivo pelo qual fostes tão corajosos a ponto de terdes chegado
perto das muralhas da cidade, quando eu próprio me achava, com meus
guardas, fora da porta?
|
|
11 E então, por
este motivo permiti que fôsseis poupados, para que eu vos pudesse interrogar,
pois do contrário eu teria feito com que meus guardas vos matassem. Tendes permissão para falar.
|
|
12 E então,
quando Amon viu que tinha permissão para falar, adiantou-se e inclinou-se
diante do rei; e levantando-se novamente, disse: Ó rei, sou muito grato a
Deus, neste dia, por ainda estar vivo e ter permissão para falar; e
procurarei expressar-me sem temor;
|
|
13 Porque tenho
certeza de que, se soubésseis quem eu sou, não teríeis permitido que eu fosse
amarrado. Porque eu sou Amon e sou descendente de Zaraenla; e vim da
terra de Zaraenla para inquirir sobre nossos irmãos, a quem Zênife trouxe
daquela terra.
|
|
14 E então
aconteceu que após ter ouvido as palavras de Amon, Lími alegrou-se
grandemente e disse: Agora tenho certeza de que meus irmãos que se achavam na
terra de Zaraenla ainda estão vivos. E agora me regozijarei; e amanhã farei
com que meu povo também se regozije.
|
|
15 Pois eis que
estamos sob o jugo dos lamanitas e foi-nos imposto um tributo
difícil de ser suportado. E agora, eis que nossos irmãos nos livrarão do
cativeiro, isto é, das mãos dos lamanitas, e seremos seus escravos; porque é
melhor sermos escravos dos nefitas do que pagarmos tributo ao rei dos
lamanitas.
|
|
16 E então o
rei Lími ordenou a seus guardas que não mais amarrassem Amon e seus irmãos,
mas fez com que fossem à colina que se achava ao norte de Silom e trouxessem
seus irmãos para a cidade, a fim de comerem e beberem e descansarem dos
labores de sua jornada; porque haviam sofrido muitas coisas; haviam sofrido
fome, sede e cansaço.
|
|
17 E aconteceu
que no dia seguinte o rei Lími enviou uma proclamação a todo o povo, para que
todos se reunissem no templo e ouvissem as palavras que lhes iria
dizer.
|
|
18 E aconteceu
que quando estavam reunidos, falou-lhes desta maneira, dizendo: Ó vós, povo
meu, levantai a cabeça e sede confortados; porque eis que o tempo está
próximo, ou melhor, não muito distante, em que não estaremos mais sujeitos a
nossos inimigos, apesar de nossas muitas lutas, que têm sido em vão; contudo,
acredito que resta uma luta eficaz a ser travada.
|
|
19 Portanto,
levantai a cabeça e regozijai-vos e ponde vossa confiança em Deus,
naquele Deus que foi o Deus de Abraão e Isaque e Jacó; e também naquele Deus
que tirou os filhos de Israel da terra do Egito e fez com
que atravessassem o Mar Vermelho em terra seca e alimentou-os
com maná para que não perecessem no deserto; e muitas outras coisas
fez por eles.
|
“História e
arqueologia convencionais agora consideram o Êxodo uma narrativa inteiramente
mítica e ficcional construída entre os séculos VIII e V aC”
(Evidence for the Exodus, apenas em inglês).
|
20 E ainda
mais, esse mesmo Deus tirou nossos pais da terra de Jerusalém e
guardou e preservou seu povo até agora; e eis que foi por causa de nossas
iniquidades e abominações que ele nos levou à escravidão.
|
|
21 E vós todos
sois testemunhas, neste dia, de que Zênife, que foi feito rei deste povo,
estando extremamente ansioso para herdar a terra de seus pais, foi
então enganado pela astúcia e estratagema do rei Lamã, que fez um tratado com
o rei Zênife e deixou em suas mãos a posse de uma parte da terra, ou seja, a
cidade de Leí-Néfi e a cidade de Silom e a terra dos arredores —
|
|
22 E tudo isto
ele fez com o único fim de subjugar, ou seja, de escravizar este povo. E
eis que, presentemente, pagamos ao rei dos lamanitas tributo equivalente à
metade de nosso milho e nossa cevada e mesmo de todos os nossos grãos
de toda espécie; e a metade do acréscimo de nossos rebanhos e manadas; e
mesmo a metade de tudo que temos ou que possuímos, o rei dos lamanitas exige
de nós, ou nossa vida.
|
Muitos críticos
indicaram que não havia cevada nas Américas pré-colombianas, porém havia
algumas variedades silvestres e pelo menos uma variedade que foi domesticada
(cevada-pequena ou pusillum hordeum). Desde que até mesmo a cevada-pequena
não parece ser uma cultura importante, o termo cevada parece ser um
anacronismo no contexto dessa passagem que descreve como a cevada era usada
para pagar tributo.
|
23 E agora, não
é doloroso ter de suportar isto? Não é grande esta nossa aflição? Ora, eis
que grande é a razão que temos para lamentar-nos.
|
|
24 Sim,
digo-vos que grandes são as razões que temos para lamentar-nos; pois eis que
quantos de nossos irmãos foram mortos e seu sangue derramado em vão; e tudo
por causa de iniquidade.
|
|
25 Porque se
este povo não houvesse caído em transgressão, o Senhor não teria permitido
que esse grande mal lhes sobreviesse. Eis, porém, que não quiseram dar
ouvidos às suas palavras; mas surgiram contendas entre eles, a tal ponto que
derramaram sangue entre eles.
|
|
26 E eles
mataram um profeta do Senhor; sim, um homem escolhido de Deus, que
lhes havia falado de suas iniquidades e abominações e profetizado muitas
coisas que hão de acontecer, sim, até mesmo a vinda de Cristo.
|
|
27 E porque ele
lhes disse que Cristo era o Deus, o Pai de todas as coisas; e que
tomaria sobre si a imagem de homem, que seria a imagem segundo a
qual o homem fora criado no princípio; ou, em outras palavras, ele disse que
o homem fora criado à imagem de Deus e que Deus desceria entre os
filhos dos homens e tomaria sobre si carne e sangue e andaria sobre a
face da Terra —
|
Este versículo
parece ensinar doutrina cristã mais tradicional sobre a Santa Trindade.
Alguns defendem as referências do Livro de Mórmon que parecem ensinar a
doutrina cristã tradicional da Santa Trindade, dizendo que essas referências
não contradizem a atual doutrina Mórmon da Trindade (veja The Doctrine of God the Father in the Book of Mormon, apenas em inglês), mas no contexto
da doutrina ensinada nas “Palestras Sobre a Fé,” quão sólida é essa defesa?
Das “Palestras Sobre
a Fé” que estava em Doutrina e Convênios até a edição de 1921:
“O Pai sendo um
personagem de espírito, glória e poder, possuindo toda a perfeição e
plenitude. O Filho, que estava no seio do Pai, é um personagem de
tabernáculo. . . Ele é chamado o Filho por causa da carne. . . Ele, possuindo
a mesma mente com o Pai, que mente é o Espírito Santo que testifica do Pai e
do Filho.”
“Perguntas e
Respostas para a Palestra 5
3. P -
Quantas pessoas existem na Trindade?
R -
Dois: o Pai e o Filho (Palestra 5: 1).
13. P - O Pai
e o Filho possuem a mesma mente?
R - Sim,
eles a possuem. . .
14. P - O que
é essa mente?
R - O
Espírito Santo”
(Palestra 5, apenas em inglês).
|
28 E então, por
ter dito isso, mataram-no; e muitas outras coisas fizeram que atraíram
sobre si a ira de Deus. Portanto, quem se admira de que estejam em cativeiro
e que sofram aflições?
|
|
29 Porque eis
que o Senhor disse: Não socorrerei meu povo no dia de sua
transgressão, mas obstruirei seus caminhos para que não prosperem; e suas
obras serão como pedra de tropeço diante deles.
|
|
30 E novamente
ele diz: Se meu povo semear imundície, colherá a palha no
vendaval; e o seu efeito é veneno.
|
|
31 E novamente
ele diz: Se meu povo semear imundície, colherá o vento oriental,
que traz destruição imediata.
|
|
32 E agora eis
que a promessa do Senhor foi cumprida e fostes feridos e afligidos.
|
|
33 Se
vos voltardes para o Senhor com todo o coração e colocardes vossa
confiança nele e o servirdes com toda diligência de vossa mente, se assim
fizerdes ele vos livrará do cativeiro, de acordo com a sua própria vontade e
prazer.
|
|